Educação Inclusiva: Os desafios do retorno às aulas pós-pandemia

11/06/2021

Mais de um ano convivendo com a Pandemia e seus impactos na educação dos nossos estudantes, dos nossos filhos.

Rotinas mexidas, ausências de contato, abandono, descoberta de novos usos para as tecnologias são algumas das aprendizagens e experiências que irão compor nossa atuação daqui para frente.

Mas é fundamental refletir e agir de modo a não deixar ninguém para trás.

Foi pensando nesse sentido que decidimos trazer esse artigo, que longe de ser a resposta para os desafios, vem destacar questões importantes para a reflexão que limitam e muitas vezes excluem os estudantes com deficiência ou autismo do espaço escolar.

Dificuldades em seguir os protocolos

Os protocolos são fundamentais para a proteção da saúde e DEVEM ser seguidos por todos.

Mas podemos ter estudantes com dificuldades ou impossibilidades de seguir todos os procedimentos necessários já no retorno às aulas presenciais.

Essa dificuldade ou impossibilidade NÃO deve ser um fator limitante do retorno do estudante às atividades presenciais.

Segundo a lei 14.019/2020 no parágrafo 7:

§ 7º A obrigação prevista no caput deste artigo será dispensada no caso de pessoas com transtorno do espectro autista, com deficiência intelectual, com deficiências sensoriais ou com quaisquer outras deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado de máscara de proteção facial, conforme declaração médica, que poderá ser obtida por meio digital, bem como no caso de crianças com menos de 3 (três) anos de idade. 

É fundamental que tanto escola quanto a família atuem em parceria para ampliar a compreensão e o seguimento dos protocolos por parte dos estudantes com deficiência ou autismo, mas que isso não se torne uma barreira para o retorno ao atendimento presencial tão importante para a aprendizagem.

Outro destaque é sempre buscar orientação médica sobre as condições individuais de restrição, registrando sempre na escola para que o percurso escolar do estudante não seja impactado, por exemplo, com uma sinalização de abandono escolar.

Para mais dicas de como auxiliar na aprendizagem dos protocolos, veja o artigo no Blog: 

Educação Inclusiva: O retorno às aulas em meio à Pandemia

E o déficit pedagógico?

Esse desafio está posto para educação como um todo, afinal muitos estudantes estão a margem do processo de ensino, devido a desigualdade, a falta de estrutura e de uma gestão pública direcionada a diminuir as desigualdades enfrentadas.

Diante de um cenário tão caótico, não podemos relegar a Educação dos estudantes com deficiência ou autismo para um segundo momento.

1. Avaliação Presencial - Qualitativa

Mesmo iniciando já o segundo semestre, um dos pontos principais da retomada é a avaliação, a sondagem pedagógica realizada de forma qualitativa e não em forma de testagem apenas.

É fundamental reconhecer o cada estudante aprendeu, onde apresentou mais dificuldades, se irá necessitar fazer uma revisão ou até se precisará de apoios mais efetivos para seu retorno.

As avaliação gerais ou em forma de "provas" não atendem o objetivo de reconhecer o estudante em suas habilidades e competências atuais.

Cada nível de ensino precisará pensar em estratégias próprias para  cada faixa etária:

  • Observação direta e indireta do estudante
  • Atividades realizadas de forma Mediada
  • Diálogo com o estudante

5 Dicas importantes no momento da avaliação:

  1. Planeje diferentes momentos de avaliação. Não podemos esquecer das dificuldades iniciais de readaptação de TODOS a rotina escolar;
  2. Procure variar os formatos e os recursos utilizados na avaliação, saindo da exclusividade do uso de atividades escritas;
  3. Não se esqueça das questões sócio emocionais. Muitas famílias enfrentam grandes desafios e perdas que impactam nos estudantes;
  4. Registre as observações durante a avaliação. Observe as respostas corporais, a forma de pensar e as estratégias utilizadas pelo estudante na resolução das questões apresentadas;
  5. estabeleça pequenas metas a partir do levantamento de sua avaliação e compartilhe essas metas de aprendizagem com o estudante e sua família.

Cuidado com as Barreiras Atitudinais

O direito à Educação e à Aprendizagem das pessoas com Deficiência ou com Autismo é recente na História da Humanidade e foi conquistada com muita luta.

Por isso enfrentamos muitos preconceitos, um discurso capacitista, que impõe muitas barreiras, limitando o acesso ao direito a escolaridade, ao aprender.

O capacitismo é o termo usado para descrever a discriminação contra pessoas com deficiência ou autismo, que vai desde as barreiras de acessibilidade física até as formas que a sociedade trata essas pessoas.

Quando colocamos condicionantes para que a pessoa com deficiência ou autismo acesse os mesmos direitos,  estamos sim implementando barreiras baseadas na nossa visão e não na real possibilidade do indivíduo.

Vamos refletir, quando organizamos o retorno escolar e não pensamos no estudante com deficiência ou autismo, ou até pedimos para que ele volte depois, quando a situação da escola estiver mais "calma", estamos baseando nossa atitude de forma a privar o direto ao acesso desse individuo. 

Sabemos que o retorno será complexo, mas ele será complexo para todos e excluir a pessoa com deficiência ou autismo, sem impedimentos clínicos para o retorno, caracteriza uma barreira atitudinal, discriminação.

Quer dicas valiosas para o Retorno às aulas dos estudantes com Deficiência ou Autismo?
Acesse nosso artigo:

Educação Inclusiva: O retorno às aulas em meio à Pandemia

Profª Fabiana Leme
Profª Fabiana Leme

Nem sempre teremos a resposta.

Nossa proposta na reflexão de hoje, foi alertar para que no processo de retorno às aulas presenciais ou híbridos o direito a aprendizagem significativa dos estudantes com deficiência ou autismo seja garantida. 

Estaremos juntos nesse retorno, trazendo conteúdos que vão agregar à sua qualificação profissional e vamos estudar diferentes possibilidades quando estivermos diante de situações sem respostas prontas.

#ninguémforadaescola