Como alfabetizar uma criança com deficiência intelectual?
Fabiana Leme de Oliveira
Como alfabetizar uma criança com Deficiência Intelectual?
Por onde começar?
Quais atividades são as mais indicadas?
Como continuar o processo de alfabetização, sem que o estudante perca o interesse?
A alfabetização de pessoas com deficiência intelectual é uma temática cercada de muitos mitos que precisamos esclarecer.
Muito além de tentar encontrar respostas únicas a essas perguntas, vamos refletir juntos em caminhos [possíveis] para garantir aos estudantes com deficiência intelectual acesso a propostas de ensino direcionadas e que promovam aprendizagens.
Por onde começar?
Para conduzir o processo de alfabetização é fundamental compreendê-lo.
Precisamos conhecer as bases da aprendizagem e do processo de alfabetização de forma geral e além disso conhecer as características que pessoas com deficiência intelectual podem apresentar, pois poderemos planejar estratégias mais assertivas e que se estabelecerão como aprendizagens consolidadas.
Outra perspectiva importante é discutir sobre práticas: conhecer a prática de outras pessoas, refletir sobre sua forma de atuar irá trazer diferentes perspectivas a sua análise, qualificando sua atuação.
Quais são as atividades mais indicadas?
As atividades são ferramentas importantes, mas não são elas que conduzem o processo de alfabetização e sim quem está responsável por conduzir esse processo: o professor, a professora regente de sala.
As atividades precisam se alinhar a sua estratégia de ensino, considerar o nível de aprendizagem do estudante e principalmente apostar na autonomia e no desenvolvimento sempre.
Repetição de conteúdos X perda de interesse
É fato que no processo de alfabetização os estudantes com deficiência intelectual precisam ver e rever principalmente os conceitos mais abstratos;
Letras, sons, sílabas e frases precisam, repetidamente, estar presentes nas práticas diárias, mas isso não deve ser uma REPETIÇÃO apenas;
Quando repetimos os mesmos estímulos e da mesma forma com o tempo a tendência será o cansaço e a falta de entusiasmo frente as propostas apresentadas.
Então começamos a observar problemas de comportamento, recusa em realizar as atividades e até um aparente "retrocesso" nas aprendizagens que estavam estabelecidas.
Dicas importantes:
- Estude sobre o processo de alfabetização geral, quais são as etapas de aprendizagem e como é construído o processo de codificação e decodificação do nosso idioma, com bases fonéticas;
- Compreenda as características gerais que pessoas com Deficiência Intelectual podem apresentar e que impactam no processo de ensino e aprendizagem;
- Faça um sondagem qualitativa das habilidades e dificuldades que o estudante com deficiência intelectual apresenta, para saber da onde irá iniciar;
- Estabeleça suas metas de forma objetiva e alcançável, metas muito amplas ou imprecisas não auxiliarão no planejamento e na verificação dos avanços;
- Organize o seu planejamento elencando as atividades que precisam ser permanentes, semipermanentes ou sequenciadas na rotina do estudante, a partir da sua avaliação inicial e das metas assertivas estabelecidas;
- Uma atividade mediana com uma intervenção assertiva e qualificada é mais efetiva do que uma atividade "maravilhosa" sem uma intervenção direcionada;
- Não limite o acesso ao currículo só por que o estudante não está alfabetizado. Precisamos trazer sempre o contexto curricular em nossas práticas, permitindo que a aprendizagem se torne significativa, ampliando o engajamento do estudante;
- Reavalie, sempre! Não esqueça de sempre checar se as metas estabelecidas estão sendo atingidas e estabelecer os próximos passos no processo.