Como alfabetizar uma criança com deficiência intelectual?

03/05/2021

Fabiana Leme de Oliveira

Como alfabetizar uma criança com Deficiência Intelectual?

Por onde começar?

Quais atividades são as mais indicadas?

Como continuar o processo de alfabetização, sem que o estudante perca o interesse?


A alfabetização de pessoas com deficiência intelectual é uma temática cercada de muitos mitos que precisamos esclarecer. 

Muito além de tentar encontrar respostas únicas a essas perguntas, vamos refletir juntos em caminhos [possíveis] para garantir aos estudantes com deficiência intelectual acesso a propostas de ensino direcionadas e que promovam aprendizagens.

Por onde começar?

Para conduzir o processo de alfabetização é fundamental compreendê-lo.

Precisamos conhecer as bases da aprendizagem e do processo de alfabetização de forma geral e além disso conhecer as características que pessoas com deficiência intelectual podem apresentar, pois poderemos planejar estratégias mais assertivas e que se estabelecerão como aprendizagens consolidadas.

Outra perspectiva importante é discutir sobre práticas: conhecer a prática de outras pessoas, refletir sobre sua forma de atuar  irá trazer diferentes perspectivas a sua análise, qualificando sua atuação.


Quais são as atividades mais indicadas?

As atividades são ferramentas importantes, mas não são elas que conduzem o processo de alfabetização e sim quem está responsável por conduzir esse processo: o professor, a professora regente de sala.

As atividades precisam se alinhar a sua estratégia de ensino, considerar o nível de aprendizagem do estudante e principalmente apostar na autonomia e no desenvolvimento sempre.



Repetição de conteúdos X perda de interesse

É fato que no processo de alfabetização os estudantes com deficiência intelectual precisam ver e rever principalmente os conceitos mais abstratos;

Letras, sons, sílabas e frases precisam, repetidamente, estar presentes nas práticas diárias, mas isso não deve ser uma REPETIÇÃO apenas;

 Quando repetimos os  mesmos estímulos e da mesma forma com o tempo a tendência será o cansaço e a falta de entusiasmo frente as propostas apresentadas.

Então começamos a observar problemas de comportamento, recusa em realizar as atividades e até um aparente "retrocesso" nas aprendizagens que estavam estabelecidas. 


Dicas importantes:

  1. Estude sobre o processo de alfabetização geral, quais são as etapas de aprendizagem e como é construído o processo de codificação e decodificação do nosso idioma, com bases fonéticas;
  2. Compreenda as características gerais que pessoas com Deficiência Intelectual podem apresentar e que impactam no processo de ensino e aprendizagem;
  3. Faça um sondagem qualitativa das habilidades e dificuldades que o estudante com deficiência intelectual apresenta, para saber da onde irá iniciar;
  4. Estabeleça suas metas de forma objetiva e alcançável, metas muito amplas ou imprecisas não auxiliarão no planejamento e na verificação dos avanços;
  5. Organize o seu planejamento elencando as atividades que precisam ser permanentes, semipermanentes ou sequenciadas na rotina do estudante, a partir da sua avaliação inicial e das metas assertivas estabelecidas;
  6. Uma atividade mediana com uma intervenção assertiva e qualificada é mais efetiva do que uma atividade "maravilhosa" sem uma intervenção direcionada;
  7. Não limite o acesso ao currículo só por que o estudante não está alfabetizado. Precisamos trazer sempre o contexto curricular em nossas práticas, permitindo que a aprendizagem se torne significativa, ampliando o engajamento do estudante;
  8. Reavalie, sempre! Não esqueça de sempre checar se as metas estabelecidas estão sendo atingidas e estabelecer os próximos passos no processo.

Profª Fabiana Leme
Profª Fabiana Leme

Aproveite os comentários aqui abaixo e me conte se essas reflexões te auxiliaram, se vocês têm alguma dúvida ou se gostaria de discutir um outro tema. 

Até o próximo artigo!