Conhecendo a Surdocegueira
A surdocegueira não é simplesmente a "soma" entre não ouvir e não enxergar.
Apesar de avanços tecnológicos e das mídias, a surdocegueira ainda é uma deficiência pouco conhecida em suas necessidades comunicacionais.
Neste artigo vamos conversar um pouco sobre as características gerais da surdocegueira e como podemos auxiliar, afinal temos a tendência de nos afastar por não saber como agir por isso precisamos ter informações que nos auxilie a ser mais inclusivos em nosso dia a dia.
A surdocegueira, também chamada de "perda sensorial dupla" ou "comprometimento multissensorial" é o conjunto simultâneo de perda ou comprometimento auditivo e visual.
Isso afeta significativamente a comunicação, a socialização, a mobilidade e a vida diária dos indivíduos com essa condição.
A expressão surdocegueira entrou em uso pela primeira vez nos anos de 1990 como um substituto para "surdos e cegos" por ser uma denominação é mais apropriada para definir a condição como uma deficiência única e bastante complexa.
Há pessoas que podem ser totalmente surdas e cegas ou apresentar resíduos auditivos e/ou visuais.
O sujeito pode ter cegueira e baixa audição;
surdez profunda e baixa visão;
baixa visão e audição ou ter cegueira e surdez profundas.
Vale ressaltar que, mesmo com a presença de resíduos (auditivo e/ou visual), o indivíduo pode ser considerado uma pessoa com surdocegueira.
Isso acontece quando não se consegue compensar a perda visual com o resíduo auditivo, ou o contrário, a perda auditiva com o resíduo visual.
CLASSIFICAÇÃO GERAL
A surdocegueira pode ser classificada como:
- Surdocegueira congênita: É a condição daquele indivíduo que nasce surdocego ou adquire a surdocegueira em tenra idade, antes da aquisição de uma língua. Dependendo do nível de perda auditiva ou visual e de outros fatores, como outras deficiências, pode afetar bastante as habilidades de comunicação e os cuidados básicos.
- Surdocegueira adquirida: É a condição daquela pessoa que ficou surdocega após a aquisição de uma língua, seja esta oral ou sinalizada.
FORMAS DE COMUNICAÇÃO
Para desenvolver sua própria forma de comunicação, uma pessoa surdocega precisa utilizar seus sentidos remanescentes como olfato, paladar e tato, além de usar (se tiver) seus resíduos auditivos e visuais.
O período em que aconteceu a perda da audição e da visão também é importante, como por exemplo, uma criança com esta condição no início do seu desenvolvimento, pode ter dificuldades ou atrasos para entender o que está acontecendo ao seu redor.
Isso significa que a surdocegueira pode afetar no processo linguístico e outras áreas do desenvolvimento como comunicação, mobilidade e aprendizagem, portanto quanto mais cedo for diagnosticada e receber a estimulação adequada, melhor.
Entre algumas formas de comunicação dos surdocegos podemos destacar:
Libras Tátil: É realizada com a mão do interlocutor e por sua vez interpretados pelas mãos do surdocego fluente em Língua de Sinais;
ALFABETO DACTICOLÓGICO
Trata-se do alfabeto manual utilizado pelas pessoas surdas. Apenas no caso da surdocegueira que esse alfabeto é adaptado para a versão tátil.
Orientações importantes
- Sempre anuncie sua presença com um simples toque, você pode combinar um sinal específico para ser identificado.
- Aprenda e use qualquer que seja o método de comunicação que ele saiba. Se houver um método, conheça-o, mesmo que elementar.
- Para aqueles que têm resíduos auditivos é importante encorajá-los a usar a fala se conseguirem, mesmo que eles saibam apenas algumas palavras.
- Comunique sempre o contexto. se houver outras pessoas presentes, avise-o quando for apropriado para ele falar.
- Informe-o sempre de quando você vai sair, mesmo que seja por um curto espaço de tempo. Assegure-se que ele fique confortável e em segurança. Se não estiver, vai precisar de algo para se apoiar durante a sua ausência. Coloque a mão dele no que servirá de apoio. Nunca o deixe sozinho em um ambiente que não lhe seja familiar.
- Ao andar deixe-o apoiar-se no seu braço, nunca o empurre à sua frente.
- Utilize sinais simples para avisá-lo da presença de escadas, uma porta ou um carro.
- Mesmo com o guia intérprete, dirija-se à pessoa surdocega diretamente.
E na Escola?
A Inclusão de um estudante com surdogegueira é bastante complexa e a necessidade de acessibilidade a todo conteúdo é fundamental;
"Nesse contexto, os profissionais de apoio (professor especializado, terapeuta, psicólogo etc.), os intérpretes (no caso da criança surda, responsáveis pela interpretação das informações orais em língua de sinais) e guias-intérpretes (no caso da criança surdocega, responsáveis pela orientação da criança na sala de aula e no espaço escolar e pelas informações veiculadas no ambiente escolar), assumem o papel de professores de ensino, funcionando como conselheiros no processo individual de aprendizagem.
A sequência, bem como a relação entre método e conteúdo serão definidos pelo professor de sala. No entanto, é importante que a tomada de decisões relativas ao trabalho a ser desenvolvido com a criança em sala de aula seja assumida por toda a equipe de profissionais envolvidos no processo educacional.
Os professores da sala de aula e de recursos procuram adequar as atividades e o ambiente para favorecer o processo de inclusão da criança surdocega, buscando:
- definir quais são os meios simbólicos utilizados pela criança surdocega para se comunicar (pistas, objetos de referência etc);
- garantir que o ambiente esteja organizado e adaptado para reais necessidades da criança surdocega;
- auxiliar e encorajar a criança surdocega a manipular os objetos e explorar novos ambientes;
- verificar se os materiais estão adaptados, com contrastes, cores e texturas para que a criança consiga identificá-los;
- construir com o professor da sala de aula o calendário de atividades e o livro de comunicação;
- verificar se a iluminação da sala de aula é adequada ou se é necessário uma adaptação."
Fonte: Nascimento, Fátima Ali Abdalah Abdel Cader Educação Educação infantil ; saberes e práticas da inclusão : dificuldades de comunicação e sinalização : surdocegueira/múltipla deficiência sensorial. [4. ed.] Acesse o material completo abaixo:
Dia 27 de Junho - Dia Internacional da Surdocegueira
No dia 27 de junho, é comemorado o Dia Internacional das Pessoas Surdocegas.
A data foi escolhida por ser o nascimento da norte-americana Helen Keller, que sem poder enxergar ou ouvir, foi alfabetizada por sua professora Anne Sullivan, através da língua de sinais tátil.
Helen foi a primeira pessoa surdocega no mundo a conquistar um bacharelado.
Foi também escritora, conferencista, ativista social norte-americana e defensora dos direitos das pessoas com deficiência.
A data tem como objetivo dar mais visibilidade na sociedade, estimular ações educativas de conscientização e esclarecimento, promover debates sobre políticas públicas, sensibilizar todos os setores da sociedade, combater qualquer forma de discriminação e informar os avanços técnico-científicos relacionados à prevenção, educação e inclusão social da pessoa com surdocegueira.
Informação e conhecimento são as bases de uma sociedade mais inclusiva.
Espero você em nossos próximos artigos!
Profª Fabiana Leme