Estudo de Caso na Educação Inclusiva - 5 passos simples e efetivos

21/09/2021

Fabiana Leme de Oliveira

Foto: Vista superior de uma mesa redonda com 5 pessoas ao seu redor com livros e cadernos abertos sobre a mesa
Foto: Vista superior de uma mesa redonda com 5 pessoas ao seu redor com livros e cadernos abertos sobre a mesa

O Estudo de Caso é um Recurso muito importante na construção de uma escola de qualidade e realmente inclusiva.

A Escola Inclusiva não está pronta! Não há receitas mágicas, apostilas de aplicação única que garantam a acessibilidade ao Currículo.

Por isso o processo de Formação Continuada e reflexão coletiva dos docentes é tão fundamental.

Quais são os melhores recursos e as melhores estratégias de aprendizagem para meus alunos e alunas com deficiência ou com transtorno do espectro autista? Ou ainda aqueles com grandes dificuldades no processo de ensino e aprendizagem?

O estudo de caso, de forma coletiva é, certamente um instrumento fundamental para romper a solidão didática que muitos docentes enfrentam no dia a dia, qualificando nossa prática.

O Estudo de caso deve ser realizado sempre de forma coletiva entre os docentes e também, sempre que possível com a colaboração dos diferentes profissionais que acompanham o estudante.

Mas por onde começar?

Aproveite neste artigo e veja os 5 passos, simples e efetivos, para a organização de um Estudo de Caso que irá qualificar a acessibilidades curricular, ampliando a aprendizagem.

1º Passo - Organização do Estudo do Caso

Foto: Par de tênis vermelho e a sua frente 6 setas desenhadas no chão apontando para direções diferentes
Foto: Par de tênis vermelho e a sua frente 6 setas desenhadas no chão apontando para direções diferentes

Inicialmente é preciso selecionar

  • O estudante que será o foco do estudo de caso;
  • O professor responsável pela organização dos dados para o grupo;
  • Agendamento de data e dos participantes do encontro;
  • Disponibilização antecipada de um resumo do que será discutido no dia, para que as pessoas possam se organizar e preparar suas contribuições;

Esta etapa é muito importante para a qualificação da discussão, pois sem dados relevantes e sem o envolvimento do grupo escolar pouco avançamos.

Por isso recomendamos que mesmo professores que não atuem diretamente com o estudante participem deste momento, pois contribuem com novos olhares e também ampliam sua formação.


2º Passo - Apresentação do caso

Nesta etapa o professor ou professora responsável pelo levantamento de informações para o estudo deverá fazer uma pesquisa sobre alguns aspectos importantes e trazer de forma resumida ao grupo no formato de um breve texto.

É importante que este resumo contenha algumas informações relevantes como:

  1. Dados Gerais do  estudante: idade, histórico escolar, atendimentos clínicos, se tem diagnóstico ou não; (não é relatório seja sucinto)
  2. Dados da Sondagem Pedagógica (Habilidades Gerais, Linguagem, Autonomia, Coordenação Motora entre outros);
  3. Observações dos professores sobre as principais dificuldades do estudante nos diferentes contextos;
  4. Dados de outros profissionais que acompanham o estudante;

3º Passo - Levantamento das Barreiras Atitudinais e Físicas

Menino em cadeira de rodas no topo de uma escada olhando triste para baixo
Menino em cadeira de rodas no topo de uma escada olhando triste para baixo

Esta é uma etapa muito importante do Estudo de Caso, pois temos a tendência de atribuir TODAS as dificuldades do estudante a sua deficiência.

Muitas vezes, a falta de acessibilidade física e atitudinal impedem a plena participação este estudante e por consequência sua aprendizagem de fato.

Neste sentido alguns itens são de extrema importância de serem refletidos por todos os participantes do estudo de caso, pois podem ter presenciado situações onde as barreiras nem sempre são visíveis. 

Veja alguns itens de observação e registro:

  • O estudante tem livre acesso a TODOS OS ESPAÇOS ESCOLARES  com segurança e autonomia?
  • Precisa de recursos de tecnologia assistiva? Braille, prancha de comunicação, recursos ópticos, entre outros...
  • O recurso está disponível e está sendo utilizado? O aluno precisa de algum treinamento para o uso? Os professores precisam de algum treinamento para explorarem melhor este recurso?
  • Tem a necessidade da mediação pedagógica? Está sendo realizada? Precisa de um planejamento para sua "gradual retirada"?
  • Socialização: O grupo de estudantes tem atitudes de discriminação ou preconceito? Superprotegem? O estudante se isola do grupo?

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4º  Passo: Identificação dos Pontos de Melhoria

A partir da análise do levantamento realizado até agora é preciso categorizar os itens que precisam de atenção e melhorias.

Nesta etapa a colaboração dos diferentes profissionais da escola é fundamental, pois muitas ações necessárias vão além da sala de aula, por exemplo no momento de uma refeição ou do parque onde o nosso foco será a autonomia, todos as pessoas precisam ser orientadas a ampliarem o desenvolvimento do estudante de forma fundamentada no estudo de caso.

Quais são os prazos e as responsabilidades sobre os diferentes pontos analisados?

Quais serão as ações imediatas e quem serão os responsáveis por sua execução e em quanto tempo?

O que precisamos estudar, buscar referências e parcerias para melhorar nossa atuação?

Quais são as ações no coletivo da escola para ampliar as noções éticas de cidadania e inclusão social?

Que recursos de tecnologia assistiva precisam ser adquiridos ou se precisamos de treinamento no uso?

Quais outras ações de eliminação de barreiras, precisamos adotar para ampliar a participação deste e de outros estudantes?

5º Passo - Do estudo para a Prática Pedagógica

Homem jovem com Síndrome de Down sentado no chão pintado sobre um tela
Homem jovem com Síndrome de Down sentado no chão pintado sobre um tela

O mais importante é que o Estudo de Caso se torne um subsídio para que cada professor e professora, possa aplicar diretamente no seu planejamento estratégias e recursos que garantam o acesso ao Currículo, a ampliação da participação e da aprendizagem qualitativa do estudante.

Também será muito utilizado na construção do Plano de Desenvolvimento Individual do estudante e do Plano de Atendimento Educacional Especializado, sendo um referencial de fundamentação para a prática.

Nesta etapa, cada tipo de atendimento precisa se organizar de acordo com objetivos específicos:

    • Na sala de aula o foco é o acesso ao Currículo, a Aprendizagem qualitativa, a socialização, a construção do pensamento crítico e de sua individualidade;
    • Na sala de recursos é a identificação dos recursos que ampliam a acessibilidade para o aprender, os estilos de aprendizagem do estudante, a construção da autonomia e a parceria entre professores e família.

É fundamental também que este Estudo seja reavaliado constantemente para mensurar os avanços ou planejar novas ações.

O que você achou deste conteúdo?

Aproveite os comentários para me contar se você participa de Estudos de Caso, se tem parcerias neste sentido ou se tem alguma dúvida.

Como este tema é muito importante, vamos conversar sobre ele com mais calma em uma Live exclusiva dia 23/09/21 às 19 horas (Horário de Brasília) 

Para acessar clique na imagem abaixo.